Festival Ilumina: Consciência em meio à Chapada dos Veadeiros!
Ouvi falar a primeira vez do Festival Ilumina em 2015, quando tinha acabado de voltar de lá, em minha primeira visita transformadora à Chapada. Desde então, tive vontade de ir para experienciar, mas nunca tinha realmente me empenhado para isso. Eis que em 2019, as coisas mudaram.
As vezes eu conto umas coisas para as pessoas, e elas não acreditam rs, como por exemplo: "Foi minha mãe que me convidou para ir neste festival". Sim, exatamente isso! Calhou de ter feriado em São Paulo, e eu claro, aceitei o convite.
Gosto de experienciar tudo. Ou, tudo que sinto no coração de experienciar, porque claro, como qualquer pessoa, tem coisas que não sentimos o chamado, não sentimos no coração, e isso basta para que uma experiência não aconteça.
Chegar neste festival dia 05 de julho de 2019, foi um presente, porque o dia anterior, foi um dos mais desafiadores que já vivi. Com voos atrasados, perdas de ônibus, sem almoço, troca de malas no carro, trânsito de carro e metrô - ou seja, de pessoas, chuva, frio, desatenções e perca do ponto, sem janta, e quase que perdi o outro voo para Brasília.
"O pouco com Deus é muito, e o muito sem Deus é nada."
Dona Flor, na Roda de Conversa de Saberes Ancestrais Femininos

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Mas passar por tudo isso, e conseguir chegar ao festival foi realmente um presente, onde durante três dias inteiros ficamos com a energia elevada, consciência expandida e muito conhecimento compartilhado, e gostaria de partilhar um pouco do que foi essa experiência diante da minha perspectiva.

Em sua sétima edição, o Festival Ilumina tem o propósito de ampliar a consciência através do autoconhecimento, da conexão com a natureza resgatando valores humanos sagrados, compartilhando muito da cultura brasileira. Além disso, o festival possui uma praça de alimentação vegana e consciente (sem uso de álcool, drogas ou tabaco).
Onde ocorreu o evento, no Novo Portal da Chapada, a uns 10km de Alto Paraíso, haviam piscinas naturais, trilhas e acesso a Cachoeira de São Bento, além do contato intenso com a vegetação nativa do cerrado. E para chegar, era disponibilizado ônibus gratuito saindo do CAT em Alto Paraíso até o evento.
Para quem prefere ter uma imersão e conexão maior, é possível ficar no próprio local do evento, onde há uma pousada, tendas e espaço para camping.
Haviam dois palcos principais onde rolavam as programações, com talks, vivências e shows. Fora esses, havia um espaço dedicado à yoga, outro para as crianças e redário para relaxar em meio ao cerrado.
"Tudo o que você vivenciou na barriga da sua mãe, está ai com você. Tudo o que sua mãe ouviu, você ouviu.
Tudo o que sua mãe sentiu, você sentiu. Todo o campo energético que rondava sua mãe, está em você."
Paloma, na vivência O Parto Sagrado, O Sagrado no Parto
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A programação variava de talks com temas sobre propósito à alimentação intuitiva e transição planetária, de vivências com o Maracatu Baque Mulher à Floral Dance, de meditação com florais do cerrado à meditação com limpeza energética, shows de Mariene de Castro à Castello Branco e Renata Rosa, e rodas de conversa compartilhando saberes sagrados ancestrais.

Escutar pessoas que são patrimônio de conhecimento compartilhando saberes de seus ancestrais, que veio de muito longe, parece algo simples, ou normal, mas é muito forte, e experienciar por exemplo, a Roda de Conversa de Saberes Sagrados Femininos, escutando mulheres sábias que de uma certa forma são ancestrais das mulheres mais jovens de hoje, com Dona Dainda, Dona Francisquinha, Dona Flor, Mestra Joana, Mariene de Castro, Lia de Itamaracá, e outras tantas, é transformador.
Umas que moram em comunidades kalungas no meio da Chapada, outras em aldeias indígenas lá no Acre, compartilhando um pouco de sua história e cantando algo, nos mostra o quanto delas está dentro de nós, ressoa com o que somos, com nossas ancestralidades, e me faz questionar: Será que vale a pena só o TER coisas? Ou vale apena, SER alguém que tem conhecimentos a compartilhar, como essas mulheres que muitas delas não sabem nem ler e nem escrever?

A vivência de Dança Circular, Maracatu, Dança dos Orixás e Floral Dance resgatam memórias, relembram propósitos e faz com que você entre em uma sintonia incrível com o seu próprio corpo, porque toda dança é um ritual sagrado e cada povo tem a sua, trazendo sabedorias ancestrais de várias tradições do mundo.
Shows que eram verdadeiras encenações teatrais resgatando o que de mais puro tem a nossa cultura brasileira, as tradições, com Mariene de Castro e seu show Santo de Casa com diversos sambas brasileiros, Castello Branco e suas músicas cheias de sutileza, sensibilidade e amor, além da Renata Rosa, dando um show do que é voz potente, com sua rabeca, integrando em seu trabalho expressões populares do universo poético musical da Mata Norte Pernambucana.
O que conecta tudo e inclusive a minha participação e propósito em conhecer o festival, é o fato de todos darem uma extrema importância e significado para os saberes, tradições e patrimônios de suas culturas, que mesmo subdividas em pequenos grupos, todas são brasileiras, advindas da África e dos ancestrais indígenas.
"O que existe de mais importante do que o conhecimento que é passado de geração em geração? O que existe de mais importante do que o saber passado de pessoa pra pessoa?"